terça-feira, 31 de agosto de 2010

Deus Pai Criador




Gn 3, 1-24


No princípio Deus criou o céu e a terra... Assim inicia a bíblia e o nosso credo. Desta forma o próprio caminho catecumenal não poderia fugir desse princípio.
Conhecer a criação nos responde algumas perguntas filosóficas feitas por pessoas de todas as épocas: de onde viemos? Para onde vamos? Qual é o nosso fim? E nossa origem?
Estas perguntas se respondidas adequadamente, pode dar uma orientação para nossa vida e nosso modo de agir. A criação, no entanto, possui diversas teorias e histórias e há muita divergência de opinião:
  • Alguns dizem que todas as coisas se auto-originaram totalmente pelo acaso (Epicúreos), negando que há uma inteligência anterior à criação.
  • Platão disse que todas as coisas foram feitas a partir da matéria incriada, colocando em Deus uma limitação. Ou ainda igualando Deus a um mero artesão que molda as coisas ao seu prazer.
  • Os gnósticos inventaram um artifície para todas as coisas (Demiurgo), ignorando as sagradas escrituras.
São Paulo em sua carta ao hebreus capítulo 11 versículo 3 diz o seguinte: "Pela fé reconhecemos que o mundo foi formado pela palavra de Deus e que as coisas visíveis se originaram do invisível". Desta forma, dizer qualquer coisa que contrarie isto é cair na heresia, palavra tão esquecida e fartamente presente no nosso cotidiano.
O ser humano dotado de inteligência já encontrou uma resposta para a questão das origens. E mesmo que este conhecimento esteja escurecido pelo erro, a fé alimentada pelo Espírito Santo nos faz compreender que a palavra de Deus criou o mundo a partir do invisível (nada).
 Se analisarmos a criação pelo critério científico, teremos que falar sobre o big bang, teoria tão famosa entre os cientistas como fenômeno que deu origem a tudo que existe no universo, e por consequência deu origem a todo o ser vivo que existe na Terra. Mas eu me nego a acreditar que meus antepassados primitivos foram algas, ou ainda macacos... Não digo que esta teoria esteja errada, mas se olharmos sob a luz do Espírito Santo, poderemos começar a perceber que a narrativa da bíblia sobre a criação de todas as coisas na Terra faz muito mais sentido que qualquer outra teoria lançada por algum estudioso. Em Gn 1 e 2 há a narrativa da criação da Terra em apenas 7 dias... Mas uma perguntinha que sempre povoou meu íntimo: Quanto tempo é um dia para Deus? Em nossa existência a nossa noção de espaço e tempo está muito ligada ao nosso dia de 24 horas, mas será que naquela época – sé é que podemos chamar de "época" – o dia durava 24 horas? Será que o big bang, essa explosão que deu início a tudo não foi o meio que Deus Todo poderoso escolheu para começar a criar todas as coisas? São perguntas que talvez os cientistas possam responder dentro de algum tempo, mas tenho certeza de que se eles colocassem mais Deus em suas pesquisas, as respostas viriam mais facilmente.
Alguns cientistas estão tentando recriar o big bang, para entender como começou tudo, e assisti uma entrevista com um dos responsáveis pela pesquisa e ele se demonstrava muito entusiasmado com as possibilidades, no entanto uma declaração dele me fez ficar muito preocupado, ele disse: "Vamos passar a entender muita coisa... E não vamos depender tanto de Deus para explicar o início de tudo...", Torço para que ele encontre as respostas que procura, mas como assim não precisar de Deus? O próprio Albert Einstein era religioso, Galileu Galilei também era e são vários os exemplos de cientistas que buscavam o conhecimento científico e não deixavam de buscar a Deus. Ciência e Religião podem e devem andar lado a lado...
 Mas voltando ao assunto principal, Deus é infinitamente bom, e Ele nos deu a conhecer a verdade da criação, e revelou progressivamente a Israel este mistério, que se baseia nas seguintes idéias principais:
  • Deus é eterno (Não tem início nem fim). Só Deus existia antes de tudo, mas Ele quis comunicar sua perfeição a outros seres, em especial o homem, criado-o a sua imagem e semelhança;
  • Deus criou o mundo do nada;
  • Deus criou tudo para sua honra e glória;
  • Deus nos deu o trabalho e o domínio da terra. Deus poderia ter feito tudo à sua maneira, mas quis que o homem dominasse a criação trabalhando... Deus quis precisar de nós;
  • Deus conserva e governa o mundo;
Por isso e por muitos outros motivos devemos:
  • Oferecer o trabalho do dia e agradecer ao Senhor por tudo
  • Confiar em Deus;
  • Nos colocar à disposição dos propósitos de Deus, para que sejamos instrumentos de sua vontade;

Dessa forma nos tornaremos Cristãos melhores, Pessoas melhores e com certeza estaremos ajudando e muito a construir um mundo melhor.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O Mistério da Santíssima Trindade



Santíssima Trindade
Nosso bom e amado Deus nos ama infinitamente, e como São Paulo Apóstolo nos diz em sua carta aos Romanos (Rm 8, 38s) que nada aqui na terra, nem nos céus, nem em lugar algum será capaz de nos separar do desse seu amor. Entretanto, este amor deve ser recíproco e relembrando as palavras do Nosso Senhor Jesus Cristo: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda alma, de todo o seu espírito e de todas as suas nossas forças" (Mc 12,30);
No entanto, como podemos amar quem não conhecemos? E não podemos nos esquecer nunca que nosso Deus, o Deus de Abraão, Isaac e Jacó, é o único Deus verdadeiro que são três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo e mesmo assim, continua sendo nosso único Deus que devemos amar e adorar.
Isso parece extremamente fácil para quem acredita em Deus, mas quantas pessoas preferem trabalhar aos domingos que participar da missa. Amam mais o dinheiro, a esposa, os filhos, os amigos, o futebol, etc...
Is 43, 22-24: "Volvei-vos para mim, e sereis salvos, todos os confins da terra, porque eu sou Deus e sou o único, juro-o por mim mesmo! A verdade sai de minha boca, minha palavra jamais será revogada: todo joelho deve dobrar-se diante de mim, toda língua deve jurar por mim, dizendo: É só no Senhor que se encontra a vitória e a força. A ele virão envergonhados todos aqueles que se tinham levantado contra Ele;"
Inicialmente, Deus escolheu um povo (Israel), mas hoje ele chama todos os confins da terra. Isso significa que Ele chama todos nós e oferece livremente a salvação a todo aquele que o amar, que ouve sua voz e segue seus preceitos.
E se é Nele que se encontra a vitória e a força, então deixemos nos abandonar a nossa vida em Deus e no seu amor. Confie em Deus e Ele te dará a força necessária para superar os obstáculos e te fará alcançar a vitória. Não tenha dúvida disso.
C.Ig.C.200: É com estas palavras que começa o Símbolo Niceno-Constantinopolitano. A confissão da unicidade de Deus, que radica na Revelação divina da Antiga Aliança, é inseparável da confissão da existência de Deus e tão fundamental como ela. Deus é único; não há senão um só Deus: "A fé cristã crê e professa que há um só Deus, por natureza, por substância e por essência".
C.Ig.C. 202: "O próprio Jesus confirma que Deus é "o único Senhor", e que é necessário amá-Lo "com todo o coração, com toda a alma, com todo o entendimento e com todas as forças". Ao mesmo tempo, dá a entender que Ele próprio é "o Senhor". Confessar que "Jesus é o Senhor" é próprio da fé cristã. Isso não vai contra a fé num Deus Único. Do mesmo modo, crer no Espírito Santo, "que é Senhor e dá a Vida", não introduz qualquer espécie de divisão no Deus único":
"Nós acreditamos com firmeza e afirmamos simplesmente que há um só Deus verdadeiro, imenso e imutável, incompreensível, todo-poderoso e inefável. Pai e Filho e Espírito Santo: três Pessoas, mas uma só essência, uma só substância ou natureza absolutamente simples".
C.Ig.C. 266: "A fé católica é esta: venerarmos um só Deus na Trindade e a Trindade na unidade, sem confudir as Pessoas nem dividir a substância: porque uma é a Pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo; mas do Pai e do Filho e do Espírito Santo é só uma a divindade, igual a glória e coeterna a majestade"
A Santíssima trindade é um mistério que não pode ser conhecido por nós se não for revelado do alto, só poderíamos compreender perfeitamente a Santíssima Trindade se nós fossemos "Deus". Podemos, entretanto, por meio da razão iluminada pela fé, "tocar" os mistérios, utilizando analogias. Vejamos algumas: o raio branco de luz, sendo apenas um, pode ser decomposto em vermelho, amarelo e azul; O sol emite calor, Ilumina e permite que haja a vida, sem deixar de ser uma estrela; O fogo queima, ilumina e aquece, sendo apenas fogo, etc. Tudo isto é superior à capacidade de compreensão humana, e mesmo conhecendo o mistério, mas não é possível compreendê-lo por completo.
Por isso, a Igreja aconselha muita cautela na busca de conhecer certos mistérios superiores à nossa compreensão, conforme ensina o Catecismo, transcrevendo a Bíblia: " Quem quer sondar a majestade, será oprimido pelo peso de sua glória" (Prov. 25, 27). Ou ainda citando São Bernado de Claraval quando diz que: "Querer sondar o Mistério da Trindade é ousado. Crer nele é bem-aventurança. Conhecê-lo é vida, vida eterna."
Conta-se inclusive que Santo Agostinho andava em uma praia meditando sobre o mistério da Santíssima Trindade: um Deus em três pessoas distintas...
Enquanto caminhava, observou um menino que portava uma pequena tigela com água. A criança ia até o mar, trazia a água e derramava dentro de um pequeno buraco que havia feito.
Após ver repetidas vezes o menino fazer a mesma coisa, resolveu interrogá-lo sobre o que pretendia.
O menino, olhando-o, respondeu com simplicidade: –"estou querendo colocar a água do mar neste buraco".
Santo Agostinho sorriu e respondeu-lhe: -"mas você não percebe que é impossível?".
Então, novamente olhando para Santo Agostinho, o menino respondeu-lhe: "ora, é mais fácil a água do mar caber nesse pequeno buraco do que o mistério da Santíssima Trindade ser entendido por um homem!". E continuou: "Quem fita o sol, deslumbra-se e quem persistisse em fitá-lo, cegaria. Assim sucede com os mistérios da religião: quem pretende compreendê-los deslumbra-se e quem se obstinasse em os perscrutar perderia totalmente a fé" (Sto. Agost).
Na Bíblia podemos ver sobre o mistério quando disse Nosso Senhor Jesus: " Ensinai todas as gentes, e batizai-as em nome do Padre, e do Filho, e do Espírito Santo" (Mt 28, 19). Em sua última prece, o Salvador pede que seus discípulos sejam um como seu Pai e Ele não são mais que um (S. Jo., 17, 21). Também afirma: "Meu Pai e eu somos um" (Jo., 10, 30), deixando clara a unidade de natureza entre o Pai e o Filho.
Em II Cor, 13, 13 está escrito: " Estejam com todos vós a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo"!.
A passagem onde o mistério da Trindade é bastante visível é no "batismo" de Nosso Senhor, ao sair da água, os céus se abriram e o " Espírito, como uma pomba", desceu sobre Nosso Senhor e uma voz "veio dos Céus: "Tu és o meu filho amado, em ti me comprazo".
Em São Mateus, lemos: " Só o Pai conhece o Filho e o Filho conhece o Pai"(Mt 11, 27; Lc. 10, 22). Em S. João, está que o Espírito Santo "procede do Pai", que é "enviado pelo Filho" (Jo 15, 26; 16, 7).
Já no Antigo Testamento a Trindade estava implícita. Citemos algumas passagens: Os sacerdotes judeus deviam, ao abençoar o povo, invocar três vezes o nome de Deus (Num. 6, 23). Isaías diz-nos (6, 3) que os Serafins cantam nos céus: Santo, santo, santo é o Deus dos exércitos. Notemos sobretudo o estranho plural empregado por Deus na criação do homem: " façamos o homem à nossa imagem e semelhança"(Gen. 1, 26). No momento da confusão de Babel: "Vinde, diz o Senhor, confundamos a sua linguagem" (Gen. 11, 7). Por que esse plural? Já, depois da culpa de Adão, o mesmo livro sagrado representa Deus dizendo ironicamente: "Portanto eis Adão que se tornou com um de nós, vamos agora impedir-lhe que levante a mão à árvore da vida"(Gen. 3, 22).
Buscando maneira mais simples de entender tão grande mistério, suponha que você se olha em um espelho de corpo inteiro. Você vê uma imagem perfeita de si mesmo, com uma exceção: não é senão um reflexo no espelho. Mas se a imagem saísse dele e se pusesse ao seu lado, viva e palpitante como você, então sim, seria a sua imagem perfeita. Porém, não haveria dois 'vocês', mas um só 'você', uma natureza humana. Haveria duas 'pessoas', mas só uma mente e uma vontade, compartilhando o mesmo conhecimento e os mesmos pensamentos.
Depois, já que o amor de si (o amor de si bom) é natural em todo ser inteligente, haveria uma corrente de amor ardente e mútuo entre você e a sua imagem. Agora, dê asas à sua fantasia e pense na existência desse amor como uma parte tão de você mesmo, tão profundamente enraizado na sua própria natureza, que chegasse a ser uma reprodução viva e palpitante de você mesmo. Este amor seria uma 'terceira pessoa' (mas, mesmo assim, nada mais que um 'você', lembre-se; uma só natureza humana), uma terceira pessoa que estaria entre você e a sua imagem, e os três, de mãos dadas: três pessoas numa só natureza humana.
Esse exemplo, muito imperfeito, pode nos ajudar um pouco a entender a relação entre as três Pessoas da Santíssima Trindade: Deus Pai "olhando-se" a Si mesmo em sua mente divina (criadora) e mostrando ali a Imagem de Si, tão infinitamente perfeita que é uma imagem viva: Deus Filho; e Deus Pai e Deus Filho amando como amor vivo a natureza divina que ambos possuem em comum: Deus Espírito Santo. Três pessoas divinas, uma natureza divina.
É claro, é só um exemplo, muito imperfeito, mas que nos ajuda a compreender o grande mistério que é a Santíssima Trindade, base de nossa Fé, fundamento de nossa Redenção, sustentáculo de nossas vidas e no qual, todos os dias, através do sinal da Cruz, nós afirmamos a nossa fé: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo: o Pai, criador de todas as coisas , O filho, redentor dos homens e o Espírito Santo, que santifica todas as coisas.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O Credo Apostólico – A fé da Igreja


Parte II


DONDE HÁ-DE VIR PARA JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS

Ensinam-nos estas palavras "donde há de vir a julgar os vivos e os mortos" que Jesus Cristo virá no fim do mundo com toda a majestade e de um modo visível, julgar todos os homens e dar a cada um segundo as suas obras.

Pela expressão "vivos", entende-se:

  • 1º os bons ou os justos;
  • 2º aqueles que estiverem ainda com vida quando aparecer Jesus Cristo, mas que morrerão e ressuscitarão num instante. Por "mortos" entende-se:
  • 1º os maus ou condenados;
  • 2º os que tiverem morrido desde o princípio do mundo, mas que ressuscitarão a fim de serem julgados.

Seremos julgados pelo bem ou pelo mal que tivermos praticado por pensamentos, palavras, ações e omissões. Este julgamento será tão rigoroso que Jesus Cristo declara no Evangelho que teremos de dar conta de todas as palavras ociosas, isto é, de todas as palavras inúteis ou para nós ou para o nosso próximo.

Sabemos que o Juízo Final se realizará quando acabar o mundo, mas ignoramos quando o mundo deixará de existir. Deus não no-lo quis revelar para estarmos sempre preparados.

Anunciarão a chegada próxima do Supremo Juiz muitos sinais de que nos fala o Evangelho: Escurecerá o sol, a lua deixará de dar claridade, cairão às estrelas do Céu, haverá tremores de terra e as ondas do mar farão ouvir um ruído horrível. (Marcos 13, 19-31)

Além do Juízo Final, há o Juízo particular, que acontece logo quando morremos. No Juízo particular a alma comparece sozinha diante apenas de Deus; no Juízo Final a alma reunida ao corpo será julgada diante de todos os homens.

O Juízo Final não modificará a sentença proferida no Juízo particular, mas servirá para fazer brilhar diante de todos a justiça de Deus, a divindade de Jesus Cristo, a glória dos bons, a confusão dos maus.

CREIO NO ESPÍRITO SANTO

O Espírito Santo é a terceira pessoa da Santíssima Trindade, que procede do Pai e do Filho. O Espírito Santo é Deus; a Igreja definiu esta verdade, dizendo nos seus símbolos que o Espírito Santo deve ser adorado conjuntamente com o Pai e o Filho. Aprendemos isso graças às palavras de Nosso Senhor ensinam-nos que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho: (Jo 15,26).

O Espírito Santo é pois igual em tudo ao Pai e ao Filho; é como eles: todo poderoso, eterno, de uma perfeição, grandeza e sabedoria infinitas.

Chama-se ordinariamente ao Espírito Santo:

  • 1º Dom de Deus, porque é o dom mais precioso que Deus tem concedido aos homens;
  • 2º Consolador, porque nos consola em nossas aflições;
  • 3º Espírito de oração, porque nos ajuda a orar.

Chama-se "Santo", porque é santo por sua natureza e porque é Ele que nos santifica. A santidade do Espírito Santo difere da santidade dos santos que nós honramos com o nosso culto:

  • 1º o Espírito Santo é santo por si mesmo e por sua natureza, enquanto os santos se tornaram tais pela Graça de Deus;
  • 2º o Espírito Santo é infinitamente santo, enquanto os santos apenas o são em certo grau.

O Espírito Santo desceu muitas vezes sobre a terra de um modo visível. Desceu em forma de pomba sobre Nosso Senhor Jesus Cristo no dia de seu Batismo e sobre os Apóstolos e discípulos em forma de línguas de fogo no dia de Pentecostes. Entretanto, o Ele também se nos manifesta de modo invisível pelas graças que derrama nas nossas almas a fim de santificá-las. E habita em nós, quando nos achamos em estado de Graça; por isso São Paulo diz que somos templos do Espírito Santo.

O Espírito Santo governa a Igreja, dando-lhe força para resistir aos seus inimigos e preservando-a de qualquer erro no seu ensino. O Espírito Santo dá ainda à Igreja todas as graças e todos os dons necessários à sua conservação, como o dom dos milagres e o dom de profecia. Devemos orar muitas vezes ao Espírito Santo porque, sem o seu auxílio, nada podemos fazer de útil para a nossa salvação. Devemos evitar afastar o Espírito Santo da nossa alma pelo pecado mortal, e contristá-lo pelo pecado venial.

CREIO NA SANTA IGREJA CATÓLICA – CONSTITUIÇÃO DA IGREJA

A Igreja é a sociedade dos fiéis que professam a religião de Nosso Senhor Jesus Cristo sob a direção do Papa e dos bispos. Os fiéis são aqueles que, estando batizados, crêem tudo o que a Igreja ensina, submetendo-se aos pastores legítimos.

O Papa é o vigário de Jesus Cristo, o sucessor de São Pedro, o chefe visível e o doutor de toda a Igreja, e pai comum dos pastores e dos fiéis. O primeiro Papa foi São Pedro, que Jesus Cristo nomeou chefe da Igreja universal. O Papa é sucessor de São Pedro porque é Bispo de Roma, e foi em Roma que São Pedro estabeleceu a sua residência e sofreu o martírio.

Os pastores legítimos da Igreja são, com o Papa, os bispos, que Jesus Cristo encarregou de instruir e governar a sua Igreja. Os bispos são sucessores diretos dos Apóstolos, encarregados de liderar as dioceses, sob a autoridade do Papa.

Os Párocos são padres que os Bispos escolhem para estarem à frente das paróquias.

Os membros da Igreja são os indivíduos batizados e que acreditam o que a Igreja ensina, estando sujeitos ao nosso Santo Padre o Papa, e ao seu Bispo.

Não fazem parte da Igreja os infiéis, os hereges, os cismáticos, os apóstatas e os excomungados.

  • Um infiel é o indivíduo não batizado e que não crê em Jesus Cristo.
  • Um herege é o indivíduo batizado que recusa obstinadamente crer uma ou mais verdades reveladas por Deus, e que a Igreja ensina como artigo de Fé.
  • Um cismático é o indivíduo batizado que se separa da Igreja negando-se a reconhecer os pastores legítimos, e a obedecer-lhes.
  • Um apóstata é o indivíduo batizado que renega a Fé de Jesus Cristo depois de tê-la professado.
  • Um excomungado é o indivíduo batizado que a Igreja eliminou do seu seio por causa dos seus crimes.
  • Os pecadores são membros da Igreja, mas são membros mortos.

É uma grande desgraça não pertencer à Igreja, porque não podem ser salvos aqueles que voluntariamente e por sua culpa estão fora da Igreja. Há uma só Igreja verdadeira, porque uma só foi fundada por Jesus Cristo. São quatro os sinais para reconhecê-la: é una, santa, católica e apostólica.

A verdadeira Igreja é a Igreja romana, que tem por chefe o Papa, Bispo de Roma e sucessor de São Pedro. A Igreja romana é uma, porque todos os seus membros crêem as mesmas verdades e obedecem ao mesmo chefe visível, que é o Papa. É santa, porque nos oferece todos os meios para nos santificarmos, e sempre tem formado santos. É católica ou universal, porque está espalhada por toda a terra e sempre tem subsistido desde Jesus Cristo. É apostólica, porque foi fundada pelos Apóstolos, é governada pelos seus sucessores, e crê e ensina a sua doutrina.

NA COMUNHÃO DOS SANTOS

Estas palavras significam que os bens espirituais da Igreja são comuns a todos os seus membros unidos entre si como os membros de uma mesma família ou de um mesmo corpo. A palavra "comunhão" quer dizer aqui comunidade. Assim, como há comunidade de bens entre todos os membros de uma mesma família, assim também, há na Igreja comunidade de bens espirituais entre todos aqueles que a compõem.

Dá-se o nome de "Santos", não só aos bem-aventurados que estão no Céu e às almas do Purgatório, como ainda aos fiéis da terra, porque foram santificados pelo Batismo e são chamados a viver uma vida santa.

Os bens espirituais da Igreja são:

  • Os merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Santíssima Virgem e dos Santos,
  • Os Sacramentos,
  • O Santo Sacrifício da Missa,
  • As orações
  • E as boas obras.

A Comunhão dos Santos não existe apenas entre os fiéis que vivem sobre a terra, mas ainda entre a Igreja triunfante, a Igreja militante e a Igreja padecente.

  • A igreja triunfante é a reunião dos santos que triunfam com Jesus Cristo no Céu.
  • A Igreja militante é a reunião dos fiéis que combatem na terra contra os inimigos da Salvação.
  • A Igreja padecente é a reunião das almas dos justos que acabam de expiar as suas culpas nas penas do Purgatório.

O Purgatório é este lugar de sofrimentos onde as almas dos justos acabam de expiar as suas culpas antes de entrar no Céu.

Estão no Purgatório aqueles que morreram em estado de Graça, não se achando, todavia completamente isentos de pecados veniais ou que não satisfizeram ainda inteiramente à justiça de Deus.

A existência do Purgatório é certa. Com efeito, Jesus Cristo diz no Evangelho que as blasfêmias contra o Espírito Santo não serão perdoadas neste mundo nem no outro. Nosso Senhor dá-nos assim a entender que outros pecados serão perdoados depois desta vida. Ora não o podem ser no Céu, onde não entra o pecado, nem no Inferno, onde não há perdão. Portanto sê-lo-ão no Purgatório.

Por estas palavras "Fora da Igreja não há salvação", devemos entender que é absolutamente impossível a salvação aqueles que voluntariamente e de má fé se conservam fora da verdadeira Igreja.

CREIO NA REMISSÃO DOS PECADOS

Cremos por este artigo:

  • 1º que podemos alcançar de Deus a remissão dos nossos pecados;
  • 2º que Jesus cristo deixou à sua Igreja o remédio para perdoar todo tipo de pecado.

Podemos alcançar perdão de todos os pecados, por muito graves que sejam. Deus perdoa os pecados por meio dos ministros da Igreja a quem Jesus Cristo conferiu esse poder. Esses ministros são os bispos e os sacerdotes. Recebemos o perdão dos pecados principalmente pelos sacramentos do Batismo e da Penitência. O pecado original é nos perdoado pelo Batismo e os pecados mortais pelo sacramento da Penitência e também pela contrição perfeita acompanhada do voto de nos confessarmos.

Os pecados veniais podem ser perdoados sem o mistério exterior da Igreja; além dos sacramentos, as orações, as esmolas e outras boas obras podem obter a remissão deles.

Só Deus é que pode perdoar os pecados. Sendo Jesus Cristo Deus, tinha também aquele poder; tinha-o também como homem, porque a natureza humana estava unida n'Ele à divindade, e vemos no Evangelho que usou muitas vezes daquele poder. Como primeiro exemplo está a cura do paralítico. (Marcos 2, 3-13)

Na sua infinita bondade, Nosso Senhor comunicou esse poder a São Pedro, e de seguida, no mesmo dia da sua ressurreição, a todos os Apóstolos e por eles a todos os seus sucessores legítimos. (Mateus 16, 13-19).

CREIO NA RESSURREIÇÃO DA CARNE

Este artigo ensina-nos que, no Fim do Mundo, todos os homens hão de ressuscitar tomando cada um o mesmo corpo que dantes tinha. Isso é possível pela onipotência divina, à qual nada é impossível. Dizemos "Ressurreição da Carne" e não do homem todo, para denotar que a alma não morre, mas só o corpo, e por isso deve ressurgir somente a carne.

Os corpos hão de ressuscitar para terem parte no prêmio ou na pena, já que tiveram parte no bem ou no mal durante a vida. Todos os homens ressuscitarão, tanto os bons como os maus, mas com esta diferença: que os escolhidos terão os dotes dos corpos gloriosos, e não assim os condenados.

Os dotes dos corpos gloriosos são:

  • Impassibilidade, que é a isenção de toda a dor e miséria;
  • A claridade, que é o resplendor da alma redundando no corpo;
  • A agilidade, que é a isenção do peso que hoje subjuga o corpo;
  • A subtileza que designa a perfeita submissão do corpo ao comando da alma.

Os corpos dos condenados não terão esses dotes e serão susceptíveis de toda a espécie de sofrimentos.

A Ressurreição será no Fim do Mundo, antes do Juízo Final. Ouvida a sentença do Juízo Final, os ressuscitados hão de ficar no mesmo lugar onde Deus puser, os bons na bem-aventurança eterna em companhia de Jesus Cristo e dos Anjos; os condenados, no Inferno para sempre em companhia dos Demônios.

CREIO NA VIDA ETERNA

Depois desta vida há de haver outra vida que há de durar para sempre, os bons com a glória eterna no Céu, e os maus com as penas eternas no Inferno. Sabemos isso, porque Deus no-lo revelou, e que outra vida é necessária para o prêmio dos bons e o castigo dos maus.

O Céu ou paraíso é um lugar de delícias, no qual os Anjos e os Santos gozam duma felicidade eterna e perfeita pela vista e posse de Deus. Os que vão para o Céu são aqueles que, tendo morrido em estado de Graça, satisfizeram inteiramente a justiça de Deus.

Nem todos os bem-aventurados gozarão do mesmo prêmio; todos verão a Deus, mas a felicitado será em proporção dos seus merecimentos.

Sabemos que os santos vêem Deus no Céu, pelas palavras de Nosso Senhor dizendo: "Bem-aventurados os de coração puro, porque verão a Deus."

A felicidade dos Céus é tão grande, que não podemos compreendê-la cá na Terra, onde nada pode dar-nos uma idéia do que é o Céu. São Paulo diz: "Os olhos do homem não viram, nem os ouvidos ouviram, nem jamais veio ao coração do homem o que Deus tem preparado para aqueles que O amam."

8. A felicidade eterna consiste, dizem os santos Padres, na ausência de todo o mal e na posse de todo o bem. No que diz respeito ao mal, lemos no Apocalipse (XXI,4) de São João: "Os bem-aventurados não terão fome nem sede jamais, nem cairá sobre eles o sol nem ardor algum. Deus enxugar-lhes-á todas as lágrimas dos seus olhos, e não haverá mais morte, nem mais choro, nem mais gritos, nem mais dor, porque as primeiras coisas são passadas." No que diz respeito aos bens, a glória dos escolhidos será imensa, possuirão ao mesmo tempo todos os gozos, todas as delícias, porque possuirão a Deus, fonte da infinita felicidade.

9. Atualmente, os santos estão no Céu só em alma; os seus corpos não entrarão ali senão depois da ressurreição e do Juízo Final.

10. Os bem-aventurados hão de contemplar Deus eternamente, e esse dom, o mais excelente e admirável de todos, torná-los-á participantes da natureza mesmo de Deus e dar-lhes-á a posse completa e definitiva da verdadeira felicidade.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

O Credo Apostólico – A fé da Igreja

Parte I

O credo é uma fórmula doutrinária ou profissão de fé, e é conhecido ainda como símbolo dos apóstolos.

O credo era a proclamação batismal enunciada pelo catecúmeno, contendo as proposições objeto da fé na qual estava sendo admitido o batizado. Em 325, passou a ser uma síntese dos dogmas da fé da Igreja Católica, através do Concílio de Nicéia.

Foi o papa Bento VIII, no ano de 1020, introduziu o uso do credo na Missa.

O Credo é uma profissão de Fé que os apóstolos nos deixaram e que, em doze artigos, encerra as verdades principais que devemos crer.

Creio em deus pai todo poderoso

Deus falou verdadeiramente aos homens; é o que se chama revelação. Sem revelação não nos poderíamos salvar, visto ser impossível saber, por nós próprios, o que é preciso crer e fazer para obtermos a Salvação.

Distinguem-se três revelações:

  • 1º a Revelação primitiva, feita por Deus a Adão e aos patriarcas;
  • 2º a Revelação Mosaica, feita por Deus a Moisés;
  • 3º a Revelação cristã que nos foi feita por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Estas palavras do Símbolo "Criador do Céu e da Terra" significam que Deus tirou do nada o Céu e a Terra com tudo o que estes encerram. Os homens não podem criar, porque para fazer alguma coisa do nada, é preciso ser-se onipotente. Desta forma só Deus pode criar.

Deus não era obrigado a criar o mundo; criou-o porquê assim o quis. Deus criou o mundo pela sua palavra, isto é, por um só ato da sua vontade. As mais perfeitas criaturas de Deus são os Anjos e os homens.

O homem é criatura racional, composta de alma e corpo. A alma é um espírito criado à imagem de Deus pra ser unido a um corpo, e que jamais morrerá. A nossa alma é criada à imagem de Deus no que esta é capaz de conhecer, amar e agir livremente.

É certo que a nossa alma é imortal, é por isso que, depois desta vida, Deus deve na sua Justiça recompensar a virtude ou punir o vício.

E em Jesus cristo, seu único filho, nosso senhor

Deus criou Adão e Eva, como os Anjos, num estado de inocência e de justiça em que não estavam sujeitos nem às dores, nem à morte. O demônio, disfarçado de serpente, levou os nossos primeiros pais a desobedecerem a Deus, comendo do fruto proibido.

Em castigo da sua desobediência foram expulsos do paraíso terrestre, e condenados a comer o pão com o suor do seu rosto: ficaram sujeitos à ignorância, à concupiscência, à dor, à morte, e excluídos da felicidade do Céu.

O pecado de Adão transmitiu-se a todos os seus descendentes, de forma que estes nascem culpados do pecado dos seus primeiros pais e sujeitos às mesmas misérias. Este pecado de que todos os homens nascem réus chama-se pecado original, isto é, que vem da nossa origem.

A Santíssima Virgem foi isenta, por um privilégio especial, do pecado original, porque devia ser a Mãe do Filho de Deus.

Deus não abandonou o homem depois do seu pecado. Compadeceu-se dele, e prometeu-lhe um Salvador que se chamou o Messias. Deus fez anunciar pelos profetas com muita antecipação a vinda do Salvador.

Os profetas predisseram a época da vinda do Messias, o seu nascimento de uma virgem em Belém, os seus milagres, a sua paixão, a sua morte, a sua Ressurreição, e finalmente o estabelecimento da sua religião por toda a Terra. O Salvador prometido ao mundo é Nosso Senhor Jesus Cristo.

Concebido pelo poder do espírito santo

O mistério da Encarnação é o mistério do Filho de Deus feito homem em Jesus Cristo que significa Salvador.

Chamamos ainda a Jesus Cristo Nosso Senhor, isto é, nosso Mestre, porque Ele nos criou e nos resgatou com o Seu sangue.

Jesus Cristo é Deus e homem no todo, porque tem duas naturezas, a natureza divina e a natureza humana. Só há em Jesus Cristo uma pessoa, que é a pessoa do Filho de Deus.

Nasceu da Maria virgem

O Messias prometido aos nossos patriarcas, conforme os profetas haviam predito, nasce de uma virgem e guiados por uma estrela milagrosa, os Magos, vieram adorá-lo, e ofereceram-lhe ouro como a um rei, incenso como a um Deus e mirra como a um homem mortal.

Nosso Senhor foi apresentado no templo quarenta dias depois do seu nascimento, no segundo dia de fevereiro. A Santíssima Virgem cumpriu nesse dia a cerimônia da purificação, prescrita pela lei de Moisés.

A vida de Jesus em Nazaré foi uma vida simples e de muito trabalho. Entretanto ensina-nos o Evangelho que durante este tempo Jesus Cristo freqüentava o templo nos dias de festa, era obediente e seus pais, e à medida que ia crescendo em idade, mais dava provas de sabedoria e santidade.

Com a idade de trinta anos, Jesus Cristo recebeu o batismo das mãos de São João Baptista, nas águas do Jordão.

E retirou-se em seguida para o deserto onde jejuou durante quarenta dias permitindo ao demônio que O tentasse, para nos ensinar como devemos resistir às tentações.

Saindo do deserto, Jesus Cristo escolheu os Seus doze Apóstolos, e começou a pregar o Evangelho na Judéia.

Padeceu, foi crucificado, morto e sepultado

O mistério da Redenção é o mistério do Filho de Deus morto na Cruz para resgatar todos os homens.

Estas palavras, "Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos", significam que durante o governo de Pôncio Pilatos na Judéia foi que Jesus Cristo sofreu as maiores dores na sua alma e no seu corpo. Na sua alma Jesus sofreu o desconforto, o pavor, uma tristeza mortal. No seu corpo Jesus Cristo sofreu tais tormentos que o profeta Isaías o chamava "Homem de dores", "Homem ferido por Deus", e "despedaçado por causa dos nossos pecados".

Não eram necessários tantos sofrimentos para a nossa redenção, pois que teria bastado a Jesus Cristo derramar uma só gota de sangue, pelo seu merecimento infinito, para a obra da redenção.

Quis Nosso Senhor sofrer assim para nos mostrar bem o seu amor e para nos inspirar um maior horror pelo pecado que foi a causa da nossa morte.

No jardim das Oliveiras Jesus Cristo sofreu as dores da agonia, tão grandes que o fizerem suar um suor de sangue. Foi nesse jardim que Judas, um dos seus Apóstolos, o entregou aos seus inimigos, dando-lhe um beijo.

Em casa de Caifás, Jesus foi negado três vezes por São Pedro, esbofeteado, coberto de opróbrios, declarado réu de morte por dizer-se Filho de Deus.

Em casa de Herodes, Tetrarca da Galiléia, vindo a Jerusalém para celebrar a Páscoa, vestiram a Jesus uma túnica branca, por escárnio, tratando-O como a um louco.

Em casa de Pilatos, açoitaram Jesus Cristo, coroaram-n'O de espinhos e condenaram-n'O a morrer na Cruz, embora o juiz tivesse reconhecido a sua inocência.

No Calvário, deram a beber a Jesus Cristo fel e vinagre e crucificaram-n'O entre dois ladrões. Pregado na Cruz, pediu ao seu Pai que perdoasse aos algozes; prometeu o paraíso ao bom ladrão; recomendou a sua Mãe a São João e deu São João por filho à sua Mãe, e depois de ter dito que tudo estava consumado, entregou o espírito nas mãos do Seu Pai.

Estas palavras do Símbolo "foi morto" significam que a alma de Jesus Cristo se separou de seu corpo, mas a divindade permaneceu unida à Sua alma e ao Seu corpo.

Jesus Cristo morreu na Sexta-Feira Santa, perto das três horas da tarde. Ao morrer, o sol eclipsou-se, a terra tremeu, as rochas abriram-se, o véu do templo rasgou-se de alto a baixo, e muitos mortos ressuscitaram.

Após a morte de Jesus, um soldado rasgou-lhe o lado com uma lança, saindo da ferida sangue e água.

Nosso Senhor permitiu que lhe fizessem esta ferida para mostrar:

  • 1º que nos tinha amado em extremo, vertendo por nós até a última gota do Seu sangue;
  • 2º que o Seu coração permaneceria sempre aberto para derramar sobre nós a abundância de Suas graças.
  • As palavras do Símbolo "e sepultado" significam que depois de morto, o corpo de Jesus Cristo foi despregado da Cruz e metido no túmulo.

Depois de sepultado Jesus, taparam a entrada do sepulcro com uma grande pedra, que Pilatos mandou selar, encarregando soldados de guardarem o túmulo.

Os Judeus tomaram estas precauções para impedir que fosse roubado o corpo de Jesus, e Deus permitiu-as para tornar mais manifesta a sua Ressurreição.

Via sacra: A Igreja recomenda aos fiéis o piedoso exercício chamado "Via sacra", que lhes recorda em 14 estações a Paixão do Salvador. Concede numerosas indulgências a quem rezar a Via sacra com sincera devoção e contrição.

E desceu a mansão dos mortos

As palavras "e desceu a mansão dos mortos" significam que, morto Jesus Cristo, a Sua alma desceu aos infernos, onde se demorou todo o tempo que o Seu corpo permaneceu no sepulcro, e ainda que a mesma pessoa de Jesus Cristo estivesse ao mesmo tempo nos infernos e no sepulcro. Não deve isso parecer estranho, pois que, embora a alma de Jesus Cristo se separasse do Seu corpo, todavia a divindade ficou sempre unida à Sua alma e ao Seu corpo.

Deve entender-se pela palavra "Inferno" os lugares ocultos, os depósitos em que são retidas, como prisioneiras, as almas que não podem gozar logo da beatitude eterna. Neste sentido a Sagrada Escritura emprega esta palavra em muitas passagens. Foi ainda neste sentido que São Paulo disse que em nome de Jesus Cristo todos os joelhos se dobram no Céu, na terra e nos infernos.

Não obstante designados todos pelo nome de infernos, estes lugares não são iguais. Um deles é como que uma prisão escuríssima e horrível, onde as almas dos condenados estão continuamente atormentadas pelos demônios com um fogo que se não pode extinguir. Denomina-se este lugar a Geena, o abismo, ou mais comumente, o Inferno.

No segundo destes lugares encontra-se o fogo do Purgatório. As almas dos que morreram em estado de Graça permaneceram aí durante certo tempo, até se purificarem de todo, e poderem entrar na pátria eterna, onde não se pode ter guarida nem haver sombra de pecado.

Ao terceiro destes lugares chama-se limbo, e neste eram recebidas, antes da vinda de Jesus Cristo, as almas dos santos, que ficavam aí em descanso, sem nenhum sentimento de dor, na esperança da sua redenção. E foram as almas destes santos que esperavam o seu Salvador no seio de Abraão, que Nosso Senhor libertou quando desceu aos infernos.

Isto se compreenderá facilmente se compararmos as razões que levaram Jesus a descer aos infernos, com as razões que obrigam os outros homens a encontrar-se ali. Os homens tinham descido ali como cativos, ao passo que Jesus Cristo desceu como Aquele que, sendo o único livre entre os mortos e o único vitorioso, ia afugentar os demônios que os retinham ali tão severamente encerrados por causa das suas culpas.

Ao terceiro dia ressuscitou dos mortos

"Ao terceiro dia ressuscitou dos mortos" significam que Jesus Cristo, ao terceiro dia após a sua morte, reuniu a sua alma ao seu corpo pela sua onipotência e saiu do túmulo vivo e glorioso. O corpo de Nosso Senhor esteve no túmulo durante três dias no todo ou em parte, a saber: uma parte da Sexta-Feira, todo o Sábado, e uma parte do Domingo.

Torna-se preciso saber que Jesus Cristo não quis retardar a sua Ressurreição até o fim do mundo, a fim de dar uma prova da sua divindade; mas não quis também ressuscitar imediatamente depois da sua morte, mas só três dias depois, para dar a conhecer que era verdadeiro Homem e que morrera, com efeito. Aquele lapso de tempo era suficiente para provar a verdade da sua morte.

Reunindo a sua alma ao seu corpo Jesus Cristo fez desaparecer a maior parte das chagas que recebera durante a paixão. Apenas conservou as das mãos, dos pés e do lado.

E conservou-as:

  • 1º para mostrá-las aos Apóstolos em testemunho da sua Ressurreição;
  • 2º para apresentá-las a seu Pai intercedendo por nós;
  • 3º para confundir os pecadores no dia do Juízo, fazendo-lhes ver que tanto sofreu por eles como pelos justos.

Foi necessário que Jesus ressuscitasse, a fim de fazer brilhar a justiça de Deus, pois era um ato absolutamente digno da sua justiça elevar Aquele que, para Lhe obedecer, fora desprezado e coberto dos maiores opróbrios. São Paulo refere esta razão na sua epístola aos Filipenses: (Fil. 2, 7-9)

Subiu aos céus

Estas palavras significam que Jesus se elevou ao Céu pelo seu próprio poder e em presença de um grande número de discípulos, no quadragésimo dia depois da sua Ressurreição. Antes da Ascensão, Jesus Cristo estava no Céu como Deus, não como homem. Depois da Ascensão está no Céu como Deus e como homem.

Nosso Senhor subiu ao Céu:

  • 1º para tomar posse da glória que lhe era devida;
  • 2º para nos preparar aí um lugar;
  • 3º para interceder por nós junto do seu Pai;
  • 4º para nos enviar o Espírito Santo.

Jesus Cristo subiu ao Céu não somente por efeito desta virtude onipotente que lhe dava a Sua divindade, mas ainda pela que possuía como homem.

Semelhante prodígio ultrapassava as forças da natureza humana, mas esta virtude de que era dotada a alma bem-aventurada do salvador podia transportar o Seu corpo para onde Ele quisesse. Por outro lado, o corpo assim em estado de glória, obedecia facilmente às ordens da alma quando esta lhe imprimia o movimento.

Está sentado à direita de deus pai todo poderoso

A expressão "está sentado", para dar-nos a entender que Ele descansa e goza no Céu duma felicidade que não terá fim. Jesus está sentado no Céu como um rei no seu trono e como um juiz no seu tribunal. Nesta dupla qualidade exerce o poder legislativo e judicial de que falava, quando se exprimia assim antes de deixar o mundo: "Todo o poder me foi dado no Céu e sobre a terra."

Acrescenta o símbolo que Jesus Cristo está sentado à "direita de Deus Pai". Não quer isso dizer que Deus tenha mão esquerda e mão direita. Como o lugar de honra é à direita, estas palavras significam que Jesus Cristo, igual ao seu Pai como Deus, está acima de todas as criaturas como homem.

Embora devamos a nossa salvação e redenção à paixão de Jesus Cristo, cujos merecimentos abriram aos justos as portas do Céu, contudo é preciso não ver na Ascensão apenas um modelo posto diante dos nossos olhos para nos ensinar a elevar os pensamentos e a subir ao Céu em espírito. A Ascensão comunica-nos também uma força divina para atingir este fim: sublima os merecimentos da nossa Fé, purifica a nossa esperança, e aponta-nos o Céu ao amor do nosso coração.

E é muito apropriado a fortificar a esperança nos nossos corações. Crendo que Jesus Cristo, como homem, subiu ao Céu, e que tomou a natureza humana à direita do seu Pai, temos um motivo forte para esperar que nós, que somos seus membros, também um dia subiremos ao Céu para nos reunirmos ao nosso Chefe, sobretudo depois que o mesmo Senhor nos assegurou essa união nos seguintes termos: (Jo. 17, 24)

A Ascensão foi o início duma nova expansão para a Igreja, esta verdadeira casa de Jesus Cristo, cuja direção e governo iam ser confiados à virtude do Espírito Santo. Até então e para representá-lo junto dos homens, Jesus colocara Pedro à frente da Igreja como seu primeiro pastor e supremo sacerdote. Daí em diante, e além dos doze, Jesus não cessou de escolher outros a uns dos quais fez Apóstolos, outros profetas, outros evangelistas, outros pastores e doutores, continuando, do lugar onde está sentado à direita de Deus Pai, a distribuir a cada qual os dons que lhe convêm, porque o Apóstolo nos afirma que a Graça é dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Jesus Cristo.