sábado, 16 de maio de 2009

Encontro de Jesus com Nicodemos


Jo 3, 1-21

Seguindo pelos encontros de Jesus, a reflexão proposta hoje é entre Jesus e Nicodemos, chefe dos judeus. Ele foi até Jesus, de noite, e lhe disse: Rabi, sabemos que és um mestre mandado por Deus; de fato, ninguém é capaz de realizar os sinais que tu fazes, a não ser que Deus esteja com ele...". Este ilustre Senhor era um dos três homens mais ricos de Jerusalém e a narrativa deste encontro nós é passada através do evangelho de São João. Muito provavelmente, Nicodemos não queria ser visto com Jesus, visto que no versículo 2 relata que ele se encontrou com Jesus à noite, para que o encontro fosse discreto. Mas ele queria conhecer esse Jesus de quem tanto se ouvia falar.

Nicodemos reconhece que a origem da missão de Jesus não podia ser humana. E Jesus responde: "Na verdade, na verdade te digo, quem não nascer de novo, não poderá ver o reino de Deus". Nicodemos devido a sua condição devia ser muito inteligente e não iria interpretar essas palavras em sentido material. Mas Nicodemos parece não se dar conta do que realmente Jesus quer dizer e, talvez para provocá-lo a explicar-se e a falar mais, finge ser ingênuo e interroga o mestre com perguntas aparentemente tolas: "Como pode um homem renascer, sendo velho?", pergunta. "Por ventura pode tornar a entrar no seio de sua mãe e nascer pela segunda vez?".

Jesus, nosso mestre responde fazendo com que o ilustre e versado fariseu retorne à condição de um aluno iniciante e lhe explica que alguém não pode ver o reino de Deus se não participa dele aqui na terra, e isso não é resultado do esforço ou do talento humano: "Em verdade, em verdade te digo, se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que da carne nasceu é carne; o que nasce do Espírito é Espírito. Não te admires se te digo: deves renascer do alto. O vento sopra onde quer e ouves o seu ruído, mas não sabes de onde ele vem ou para onde vai: assim acontece com quem nasceu do Espírito". Em hebraico, a palavra "espírito" queria dizer também "sopro de vento", e esse duplo significado permite que Jesus se explique: embora invisível e intocável, o vento é real. Assim também o Espírito não pode ser controlado ou manipulado com argumentos humanos. Aí, a alusão ao Batismo é clara: a graça divina produz uma mudança no nível do ser, faz nascer uma vida nova.

O que segue nos demais versículos é uma catequese sobre as coisas celestes, e Jesus dá seu testemunho com autoridade e repreende Nicodemos por não aceitar seu testemunho. Jesus conclui o diálogo que alfinetando Nicodemos pela situação na qual veio lhe procurar: "a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque as suas obras eram más. Quem pratica o mal odeia a luz e não vai à luz, para que não sejam reveladas as suas obras. Mas quem pratica a verdade vai à luz, para que apareça claramente que as suas obras foram feitas em Deus".

Apesar deste encontro, Nicodemos não se torna um verdadeiro discípulo, mas no Evangelho de João o rico mestre israelita aparece outras duas vezes, demonstrando ter ficado, de algum modo, impressionado com Jesus, com a sua pessoa. No fundo, ele não se contentara em ouvir dizer, quis verificar pessoalmente a proposta de Jesus, confrontar-se cara a cara com ele. Quis ir ao fundo do anúncio daquele estranho profeta; decidiu procurá-lo, embora secretamente. Não abandonara os seus cargos nem o seu prestigioso posto. Mas o encontro deixara nele uma marca. As palavras do Mestre certamente o atingiram. Tanto isso é verdade que Nicodemos aparece novamente no Evangelho defendendo Jesus, "Disse então Nicodemos, um deles, o mesmo que de noite o fora procurar: Condena acaso a nossa Lei algum homem, antes de ouvi-lo e sem conhecer o que ele faz?". E eles lhe responderam: "Por acaso tu também és da Galiléia? Estuda e verás que da Galiléia não vem nenhum profeta. E todos eles retornaram às suas casas" (Jo 7,50-53).

Nicodemos, aparece ainda no Evangelho após a morte de Jesus, e gasta cem libras em perfumes preparar o corpo de Jesus. A partir desse último gesto podemos ver que o seu coração havia sido tomado secretamente por Jesus, por aquele Nazareno que, depois de algumas horas, sairia do sepulcro, vitorioso para sempre.

Quantos de nós não somos assim, conhecemos a verdade, sabemos a quem temos que seguir, mas por vergonha, medo, ou tantos outros motivos torpes, preferimos andar sem Jesus. Ignorando todo o sacrifício que Ele sofreu por nós. Tenhamos o coração de Nicodemos, mas o ultrapassemos na coragem de assumir nosso amor por Jesus e por testemunhar com fé e esperança, as maravilhas do reino de Deus nas nossas vidas.

Nenhum comentário: