terça-feira, 10 de agosto de 2010

O Credo Apostólico – A fé da Igreja

Parte I

O credo é uma fórmula doutrinária ou profissão de fé, e é conhecido ainda como símbolo dos apóstolos.

O credo era a proclamação batismal enunciada pelo catecúmeno, contendo as proposições objeto da fé na qual estava sendo admitido o batizado. Em 325, passou a ser uma síntese dos dogmas da fé da Igreja Católica, através do Concílio de Nicéia.

Foi o papa Bento VIII, no ano de 1020, introduziu o uso do credo na Missa.

O Credo é uma profissão de Fé que os apóstolos nos deixaram e que, em doze artigos, encerra as verdades principais que devemos crer.

Creio em deus pai todo poderoso

Deus falou verdadeiramente aos homens; é o que se chama revelação. Sem revelação não nos poderíamos salvar, visto ser impossível saber, por nós próprios, o que é preciso crer e fazer para obtermos a Salvação.

Distinguem-se três revelações:

  • 1º a Revelação primitiva, feita por Deus a Adão e aos patriarcas;
  • 2º a Revelação Mosaica, feita por Deus a Moisés;
  • 3º a Revelação cristã que nos foi feita por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Estas palavras do Símbolo "Criador do Céu e da Terra" significam que Deus tirou do nada o Céu e a Terra com tudo o que estes encerram. Os homens não podem criar, porque para fazer alguma coisa do nada, é preciso ser-se onipotente. Desta forma só Deus pode criar.

Deus não era obrigado a criar o mundo; criou-o porquê assim o quis. Deus criou o mundo pela sua palavra, isto é, por um só ato da sua vontade. As mais perfeitas criaturas de Deus são os Anjos e os homens.

O homem é criatura racional, composta de alma e corpo. A alma é um espírito criado à imagem de Deus pra ser unido a um corpo, e que jamais morrerá. A nossa alma é criada à imagem de Deus no que esta é capaz de conhecer, amar e agir livremente.

É certo que a nossa alma é imortal, é por isso que, depois desta vida, Deus deve na sua Justiça recompensar a virtude ou punir o vício.

E em Jesus cristo, seu único filho, nosso senhor

Deus criou Adão e Eva, como os Anjos, num estado de inocência e de justiça em que não estavam sujeitos nem às dores, nem à morte. O demônio, disfarçado de serpente, levou os nossos primeiros pais a desobedecerem a Deus, comendo do fruto proibido.

Em castigo da sua desobediência foram expulsos do paraíso terrestre, e condenados a comer o pão com o suor do seu rosto: ficaram sujeitos à ignorância, à concupiscência, à dor, à morte, e excluídos da felicidade do Céu.

O pecado de Adão transmitiu-se a todos os seus descendentes, de forma que estes nascem culpados do pecado dos seus primeiros pais e sujeitos às mesmas misérias. Este pecado de que todos os homens nascem réus chama-se pecado original, isto é, que vem da nossa origem.

A Santíssima Virgem foi isenta, por um privilégio especial, do pecado original, porque devia ser a Mãe do Filho de Deus.

Deus não abandonou o homem depois do seu pecado. Compadeceu-se dele, e prometeu-lhe um Salvador que se chamou o Messias. Deus fez anunciar pelos profetas com muita antecipação a vinda do Salvador.

Os profetas predisseram a época da vinda do Messias, o seu nascimento de uma virgem em Belém, os seus milagres, a sua paixão, a sua morte, a sua Ressurreição, e finalmente o estabelecimento da sua religião por toda a Terra. O Salvador prometido ao mundo é Nosso Senhor Jesus Cristo.

Concebido pelo poder do espírito santo

O mistério da Encarnação é o mistério do Filho de Deus feito homem em Jesus Cristo que significa Salvador.

Chamamos ainda a Jesus Cristo Nosso Senhor, isto é, nosso Mestre, porque Ele nos criou e nos resgatou com o Seu sangue.

Jesus Cristo é Deus e homem no todo, porque tem duas naturezas, a natureza divina e a natureza humana. Só há em Jesus Cristo uma pessoa, que é a pessoa do Filho de Deus.

Nasceu da Maria virgem

O Messias prometido aos nossos patriarcas, conforme os profetas haviam predito, nasce de uma virgem e guiados por uma estrela milagrosa, os Magos, vieram adorá-lo, e ofereceram-lhe ouro como a um rei, incenso como a um Deus e mirra como a um homem mortal.

Nosso Senhor foi apresentado no templo quarenta dias depois do seu nascimento, no segundo dia de fevereiro. A Santíssima Virgem cumpriu nesse dia a cerimônia da purificação, prescrita pela lei de Moisés.

A vida de Jesus em Nazaré foi uma vida simples e de muito trabalho. Entretanto ensina-nos o Evangelho que durante este tempo Jesus Cristo freqüentava o templo nos dias de festa, era obediente e seus pais, e à medida que ia crescendo em idade, mais dava provas de sabedoria e santidade.

Com a idade de trinta anos, Jesus Cristo recebeu o batismo das mãos de São João Baptista, nas águas do Jordão.

E retirou-se em seguida para o deserto onde jejuou durante quarenta dias permitindo ao demônio que O tentasse, para nos ensinar como devemos resistir às tentações.

Saindo do deserto, Jesus Cristo escolheu os Seus doze Apóstolos, e começou a pregar o Evangelho na Judéia.

Padeceu, foi crucificado, morto e sepultado

O mistério da Redenção é o mistério do Filho de Deus morto na Cruz para resgatar todos os homens.

Estas palavras, "Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos", significam que durante o governo de Pôncio Pilatos na Judéia foi que Jesus Cristo sofreu as maiores dores na sua alma e no seu corpo. Na sua alma Jesus sofreu o desconforto, o pavor, uma tristeza mortal. No seu corpo Jesus Cristo sofreu tais tormentos que o profeta Isaías o chamava "Homem de dores", "Homem ferido por Deus", e "despedaçado por causa dos nossos pecados".

Não eram necessários tantos sofrimentos para a nossa redenção, pois que teria bastado a Jesus Cristo derramar uma só gota de sangue, pelo seu merecimento infinito, para a obra da redenção.

Quis Nosso Senhor sofrer assim para nos mostrar bem o seu amor e para nos inspirar um maior horror pelo pecado que foi a causa da nossa morte.

No jardim das Oliveiras Jesus Cristo sofreu as dores da agonia, tão grandes que o fizerem suar um suor de sangue. Foi nesse jardim que Judas, um dos seus Apóstolos, o entregou aos seus inimigos, dando-lhe um beijo.

Em casa de Caifás, Jesus foi negado três vezes por São Pedro, esbofeteado, coberto de opróbrios, declarado réu de morte por dizer-se Filho de Deus.

Em casa de Herodes, Tetrarca da Galiléia, vindo a Jerusalém para celebrar a Páscoa, vestiram a Jesus uma túnica branca, por escárnio, tratando-O como a um louco.

Em casa de Pilatos, açoitaram Jesus Cristo, coroaram-n'O de espinhos e condenaram-n'O a morrer na Cruz, embora o juiz tivesse reconhecido a sua inocência.

No Calvário, deram a beber a Jesus Cristo fel e vinagre e crucificaram-n'O entre dois ladrões. Pregado na Cruz, pediu ao seu Pai que perdoasse aos algozes; prometeu o paraíso ao bom ladrão; recomendou a sua Mãe a São João e deu São João por filho à sua Mãe, e depois de ter dito que tudo estava consumado, entregou o espírito nas mãos do Seu Pai.

Estas palavras do Símbolo "foi morto" significam que a alma de Jesus Cristo se separou de seu corpo, mas a divindade permaneceu unida à Sua alma e ao Seu corpo.

Jesus Cristo morreu na Sexta-Feira Santa, perto das três horas da tarde. Ao morrer, o sol eclipsou-se, a terra tremeu, as rochas abriram-se, o véu do templo rasgou-se de alto a baixo, e muitos mortos ressuscitaram.

Após a morte de Jesus, um soldado rasgou-lhe o lado com uma lança, saindo da ferida sangue e água.

Nosso Senhor permitiu que lhe fizessem esta ferida para mostrar:

  • 1º que nos tinha amado em extremo, vertendo por nós até a última gota do Seu sangue;
  • 2º que o Seu coração permaneceria sempre aberto para derramar sobre nós a abundância de Suas graças.
  • As palavras do Símbolo "e sepultado" significam que depois de morto, o corpo de Jesus Cristo foi despregado da Cruz e metido no túmulo.

Depois de sepultado Jesus, taparam a entrada do sepulcro com uma grande pedra, que Pilatos mandou selar, encarregando soldados de guardarem o túmulo.

Os Judeus tomaram estas precauções para impedir que fosse roubado o corpo de Jesus, e Deus permitiu-as para tornar mais manifesta a sua Ressurreição.

Via sacra: A Igreja recomenda aos fiéis o piedoso exercício chamado "Via sacra", que lhes recorda em 14 estações a Paixão do Salvador. Concede numerosas indulgências a quem rezar a Via sacra com sincera devoção e contrição.

E desceu a mansão dos mortos

As palavras "e desceu a mansão dos mortos" significam que, morto Jesus Cristo, a Sua alma desceu aos infernos, onde se demorou todo o tempo que o Seu corpo permaneceu no sepulcro, e ainda que a mesma pessoa de Jesus Cristo estivesse ao mesmo tempo nos infernos e no sepulcro. Não deve isso parecer estranho, pois que, embora a alma de Jesus Cristo se separasse do Seu corpo, todavia a divindade ficou sempre unida à Sua alma e ao Seu corpo.

Deve entender-se pela palavra "Inferno" os lugares ocultos, os depósitos em que são retidas, como prisioneiras, as almas que não podem gozar logo da beatitude eterna. Neste sentido a Sagrada Escritura emprega esta palavra em muitas passagens. Foi ainda neste sentido que São Paulo disse que em nome de Jesus Cristo todos os joelhos se dobram no Céu, na terra e nos infernos.

Não obstante designados todos pelo nome de infernos, estes lugares não são iguais. Um deles é como que uma prisão escuríssima e horrível, onde as almas dos condenados estão continuamente atormentadas pelos demônios com um fogo que se não pode extinguir. Denomina-se este lugar a Geena, o abismo, ou mais comumente, o Inferno.

No segundo destes lugares encontra-se o fogo do Purgatório. As almas dos que morreram em estado de Graça permaneceram aí durante certo tempo, até se purificarem de todo, e poderem entrar na pátria eterna, onde não se pode ter guarida nem haver sombra de pecado.

Ao terceiro destes lugares chama-se limbo, e neste eram recebidas, antes da vinda de Jesus Cristo, as almas dos santos, que ficavam aí em descanso, sem nenhum sentimento de dor, na esperança da sua redenção. E foram as almas destes santos que esperavam o seu Salvador no seio de Abraão, que Nosso Senhor libertou quando desceu aos infernos.

Isto se compreenderá facilmente se compararmos as razões que levaram Jesus a descer aos infernos, com as razões que obrigam os outros homens a encontrar-se ali. Os homens tinham descido ali como cativos, ao passo que Jesus Cristo desceu como Aquele que, sendo o único livre entre os mortos e o único vitorioso, ia afugentar os demônios que os retinham ali tão severamente encerrados por causa das suas culpas.

Ao terceiro dia ressuscitou dos mortos

"Ao terceiro dia ressuscitou dos mortos" significam que Jesus Cristo, ao terceiro dia após a sua morte, reuniu a sua alma ao seu corpo pela sua onipotência e saiu do túmulo vivo e glorioso. O corpo de Nosso Senhor esteve no túmulo durante três dias no todo ou em parte, a saber: uma parte da Sexta-Feira, todo o Sábado, e uma parte do Domingo.

Torna-se preciso saber que Jesus Cristo não quis retardar a sua Ressurreição até o fim do mundo, a fim de dar uma prova da sua divindade; mas não quis também ressuscitar imediatamente depois da sua morte, mas só três dias depois, para dar a conhecer que era verdadeiro Homem e que morrera, com efeito. Aquele lapso de tempo era suficiente para provar a verdade da sua morte.

Reunindo a sua alma ao seu corpo Jesus Cristo fez desaparecer a maior parte das chagas que recebera durante a paixão. Apenas conservou as das mãos, dos pés e do lado.

E conservou-as:

  • 1º para mostrá-las aos Apóstolos em testemunho da sua Ressurreição;
  • 2º para apresentá-las a seu Pai intercedendo por nós;
  • 3º para confundir os pecadores no dia do Juízo, fazendo-lhes ver que tanto sofreu por eles como pelos justos.

Foi necessário que Jesus ressuscitasse, a fim de fazer brilhar a justiça de Deus, pois era um ato absolutamente digno da sua justiça elevar Aquele que, para Lhe obedecer, fora desprezado e coberto dos maiores opróbrios. São Paulo refere esta razão na sua epístola aos Filipenses: (Fil. 2, 7-9)

Subiu aos céus

Estas palavras significam que Jesus se elevou ao Céu pelo seu próprio poder e em presença de um grande número de discípulos, no quadragésimo dia depois da sua Ressurreição. Antes da Ascensão, Jesus Cristo estava no Céu como Deus, não como homem. Depois da Ascensão está no Céu como Deus e como homem.

Nosso Senhor subiu ao Céu:

  • 1º para tomar posse da glória que lhe era devida;
  • 2º para nos preparar aí um lugar;
  • 3º para interceder por nós junto do seu Pai;
  • 4º para nos enviar o Espírito Santo.

Jesus Cristo subiu ao Céu não somente por efeito desta virtude onipotente que lhe dava a Sua divindade, mas ainda pela que possuía como homem.

Semelhante prodígio ultrapassava as forças da natureza humana, mas esta virtude de que era dotada a alma bem-aventurada do salvador podia transportar o Seu corpo para onde Ele quisesse. Por outro lado, o corpo assim em estado de glória, obedecia facilmente às ordens da alma quando esta lhe imprimia o movimento.

Está sentado à direita de deus pai todo poderoso

A expressão "está sentado", para dar-nos a entender que Ele descansa e goza no Céu duma felicidade que não terá fim. Jesus está sentado no Céu como um rei no seu trono e como um juiz no seu tribunal. Nesta dupla qualidade exerce o poder legislativo e judicial de que falava, quando se exprimia assim antes de deixar o mundo: "Todo o poder me foi dado no Céu e sobre a terra."

Acrescenta o símbolo que Jesus Cristo está sentado à "direita de Deus Pai". Não quer isso dizer que Deus tenha mão esquerda e mão direita. Como o lugar de honra é à direita, estas palavras significam que Jesus Cristo, igual ao seu Pai como Deus, está acima de todas as criaturas como homem.

Embora devamos a nossa salvação e redenção à paixão de Jesus Cristo, cujos merecimentos abriram aos justos as portas do Céu, contudo é preciso não ver na Ascensão apenas um modelo posto diante dos nossos olhos para nos ensinar a elevar os pensamentos e a subir ao Céu em espírito. A Ascensão comunica-nos também uma força divina para atingir este fim: sublima os merecimentos da nossa Fé, purifica a nossa esperança, e aponta-nos o Céu ao amor do nosso coração.

E é muito apropriado a fortificar a esperança nos nossos corações. Crendo que Jesus Cristo, como homem, subiu ao Céu, e que tomou a natureza humana à direita do seu Pai, temos um motivo forte para esperar que nós, que somos seus membros, também um dia subiremos ao Céu para nos reunirmos ao nosso Chefe, sobretudo depois que o mesmo Senhor nos assegurou essa união nos seguintes termos: (Jo. 17, 24)

A Ascensão foi o início duma nova expansão para a Igreja, esta verdadeira casa de Jesus Cristo, cuja direção e governo iam ser confiados à virtude do Espírito Santo. Até então e para representá-lo junto dos homens, Jesus colocara Pedro à frente da Igreja como seu primeiro pastor e supremo sacerdote. Daí em diante, e além dos doze, Jesus não cessou de escolher outros a uns dos quais fez Apóstolos, outros profetas, outros evangelistas, outros pastores e doutores, continuando, do lugar onde está sentado à direita de Deus Pai, a distribuir a cada qual os dons que lhe convêm, porque o Apóstolo nos afirma que a Graça é dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Jesus Cristo.

Um comentário:

Anônimo disse...

o jESUS NO QUAL ACREDITO DEIXOU A COMUNICACAO DA FE AOS APOSTOLOS QUE NO CENACOLO APAREM UNIDOSEM ASSEMBLEIA= IGREJA QUE CONTINUA A COMUNICAR A FE EM jESUS CRISTO NO QUAL FOMOS JUSTIFICADOS E SALVOS.(GAL. 2,16)