quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O Credo Apostólico – A fé da Igreja


Parte II


DONDE HÁ-DE VIR PARA JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS

Ensinam-nos estas palavras "donde há de vir a julgar os vivos e os mortos" que Jesus Cristo virá no fim do mundo com toda a majestade e de um modo visível, julgar todos os homens e dar a cada um segundo as suas obras.

Pela expressão "vivos", entende-se:

  • 1º os bons ou os justos;
  • 2º aqueles que estiverem ainda com vida quando aparecer Jesus Cristo, mas que morrerão e ressuscitarão num instante. Por "mortos" entende-se:
  • 1º os maus ou condenados;
  • 2º os que tiverem morrido desde o princípio do mundo, mas que ressuscitarão a fim de serem julgados.

Seremos julgados pelo bem ou pelo mal que tivermos praticado por pensamentos, palavras, ações e omissões. Este julgamento será tão rigoroso que Jesus Cristo declara no Evangelho que teremos de dar conta de todas as palavras ociosas, isto é, de todas as palavras inúteis ou para nós ou para o nosso próximo.

Sabemos que o Juízo Final se realizará quando acabar o mundo, mas ignoramos quando o mundo deixará de existir. Deus não no-lo quis revelar para estarmos sempre preparados.

Anunciarão a chegada próxima do Supremo Juiz muitos sinais de que nos fala o Evangelho: Escurecerá o sol, a lua deixará de dar claridade, cairão às estrelas do Céu, haverá tremores de terra e as ondas do mar farão ouvir um ruído horrível. (Marcos 13, 19-31)

Além do Juízo Final, há o Juízo particular, que acontece logo quando morremos. No Juízo particular a alma comparece sozinha diante apenas de Deus; no Juízo Final a alma reunida ao corpo será julgada diante de todos os homens.

O Juízo Final não modificará a sentença proferida no Juízo particular, mas servirá para fazer brilhar diante de todos a justiça de Deus, a divindade de Jesus Cristo, a glória dos bons, a confusão dos maus.

CREIO NO ESPÍRITO SANTO

O Espírito Santo é a terceira pessoa da Santíssima Trindade, que procede do Pai e do Filho. O Espírito Santo é Deus; a Igreja definiu esta verdade, dizendo nos seus símbolos que o Espírito Santo deve ser adorado conjuntamente com o Pai e o Filho. Aprendemos isso graças às palavras de Nosso Senhor ensinam-nos que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho: (Jo 15,26).

O Espírito Santo é pois igual em tudo ao Pai e ao Filho; é como eles: todo poderoso, eterno, de uma perfeição, grandeza e sabedoria infinitas.

Chama-se ordinariamente ao Espírito Santo:

  • 1º Dom de Deus, porque é o dom mais precioso que Deus tem concedido aos homens;
  • 2º Consolador, porque nos consola em nossas aflições;
  • 3º Espírito de oração, porque nos ajuda a orar.

Chama-se "Santo", porque é santo por sua natureza e porque é Ele que nos santifica. A santidade do Espírito Santo difere da santidade dos santos que nós honramos com o nosso culto:

  • 1º o Espírito Santo é santo por si mesmo e por sua natureza, enquanto os santos se tornaram tais pela Graça de Deus;
  • 2º o Espírito Santo é infinitamente santo, enquanto os santos apenas o são em certo grau.

O Espírito Santo desceu muitas vezes sobre a terra de um modo visível. Desceu em forma de pomba sobre Nosso Senhor Jesus Cristo no dia de seu Batismo e sobre os Apóstolos e discípulos em forma de línguas de fogo no dia de Pentecostes. Entretanto, o Ele também se nos manifesta de modo invisível pelas graças que derrama nas nossas almas a fim de santificá-las. E habita em nós, quando nos achamos em estado de Graça; por isso São Paulo diz que somos templos do Espírito Santo.

O Espírito Santo governa a Igreja, dando-lhe força para resistir aos seus inimigos e preservando-a de qualquer erro no seu ensino. O Espírito Santo dá ainda à Igreja todas as graças e todos os dons necessários à sua conservação, como o dom dos milagres e o dom de profecia. Devemos orar muitas vezes ao Espírito Santo porque, sem o seu auxílio, nada podemos fazer de útil para a nossa salvação. Devemos evitar afastar o Espírito Santo da nossa alma pelo pecado mortal, e contristá-lo pelo pecado venial.

CREIO NA SANTA IGREJA CATÓLICA – CONSTITUIÇÃO DA IGREJA

A Igreja é a sociedade dos fiéis que professam a religião de Nosso Senhor Jesus Cristo sob a direção do Papa e dos bispos. Os fiéis são aqueles que, estando batizados, crêem tudo o que a Igreja ensina, submetendo-se aos pastores legítimos.

O Papa é o vigário de Jesus Cristo, o sucessor de São Pedro, o chefe visível e o doutor de toda a Igreja, e pai comum dos pastores e dos fiéis. O primeiro Papa foi São Pedro, que Jesus Cristo nomeou chefe da Igreja universal. O Papa é sucessor de São Pedro porque é Bispo de Roma, e foi em Roma que São Pedro estabeleceu a sua residência e sofreu o martírio.

Os pastores legítimos da Igreja são, com o Papa, os bispos, que Jesus Cristo encarregou de instruir e governar a sua Igreja. Os bispos são sucessores diretos dos Apóstolos, encarregados de liderar as dioceses, sob a autoridade do Papa.

Os Párocos são padres que os Bispos escolhem para estarem à frente das paróquias.

Os membros da Igreja são os indivíduos batizados e que acreditam o que a Igreja ensina, estando sujeitos ao nosso Santo Padre o Papa, e ao seu Bispo.

Não fazem parte da Igreja os infiéis, os hereges, os cismáticos, os apóstatas e os excomungados.

  • Um infiel é o indivíduo não batizado e que não crê em Jesus Cristo.
  • Um herege é o indivíduo batizado que recusa obstinadamente crer uma ou mais verdades reveladas por Deus, e que a Igreja ensina como artigo de Fé.
  • Um cismático é o indivíduo batizado que se separa da Igreja negando-se a reconhecer os pastores legítimos, e a obedecer-lhes.
  • Um apóstata é o indivíduo batizado que renega a Fé de Jesus Cristo depois de tê-la professado.
  • Um excomungado é o indivíduo batizado que a Igreja eliminou do seu seio por causa dos seus crimes.
  • Os pecadores são membros da Igreja, mas são membros mortos.

É uma grande desgraça não pertencer à Igreja, porque não podem ser salvos aqueles que voluntariamente e por sua culpa estão fora da Igreja. Há uma só Igreja verdadeira, porque uma só foi fundada por Jesus Cristo. São quatro os sinais para reconhecê-la: é una, santa, católica e apostólica.

A verdadeira Igreja é a Igreja romana, que tem por chefe o Papa, Bispo de Roma e sucessor de São Pedro. A Igreja romana é uma, porque todos os seus membros crêem as mesmas verdades e obedecem ao mesmo chefe visível, que é o Papa. É santa, porque nos oferece todos os meios para nos santificarmos, e sempre tem formado santos. É católica ou universal, porque está espalhada por toda a terra e sempre tem subsistido desde Jesus Cristo. É apostólica, porque foi fundada pelos Apóstolos, é governada pelos seus sucessores, e crê e ensina a sua doutrina.

NA COMUNHÃO DOS SANTOS

Estas palavras significam que os bens espirituais da Igreja são comuns a todos os seus membros unidos entre si como os membros de uma mesma família ou de um mesmo corpo. A palavra "comunhão" quer dizer aqui comunidade. Assim, como há comunidade de bens entre todos os membros de uma mesma família, assim também, há na Igreja comunidade de bens espirituais entre todos aqueles que a compõem.

Dá-se o nome de "Santos", não só aos bem-aventurados que estão no Céu e às almas do Purgatório, como ainda aos fiéis da terra, porque foram santificados pelo Batismo e são chamados a viver uma vida santa.

Os bens espirituais da Igreja são:

  • Os merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Santíssima Virgem e dos Santos,
  • Os Sacramentos,
  • O Santo Sacrifício da Missa,
  • As orações
  • E as boas obras.

A Comunhão dos Santos não existe apenas entre os fiéis que vivem sobre a terra, mas ainda entre a Igreja triunfante, a Igreja militante e a Igreja padecente.

  • A igreja triunfante é a reunião dos santos que triunfam com Jesus Cristo no Céu.
  • A Igreja militante é a reunião dos fiéis que combatem na terra contra os inimigos da Salvação.
  • A Igreja padecente é a reunião das almas dos justos que acabam de expiar as suas culpas nas penas do Purgatório.

O Purgatório é este lugar de sofrimentos onde as almas dos justos acabam de expiar as suas culpas antes de entrar no Céu.

Estão no Purgatório aqueles que morreram em estado de Graça, não se achando, todavia completamente isentos de pecados veniais ou que não satisfizeram ainda inteiramente à justiça de Deus.

A existência do Purgatório é certa. Com efeito, Jesus Cristo diz no Evangelho que as blasfêmias contra o Espírito Santo não serão perdoadas neste mundo nem no outro. Nosso Senhor dá-nos assim a entender que outros pecados serão perdoados depois desta vida. Ora não o podem ser no Céu, onde não entra o pecado, nem no Inferno, onde não há perdão. Portanto sê-lo-ão no Purgatório.

Por estas palavras "Fora da Igreja não há salvação", devemos entender que é absolutamente impossível a salvação aqueles que voluntariamente e de má fé se conservam fora da verdadeira Igreja.

CREIO NA REMISSÃO DOS PECADOS

Cremos por este artigo:

  • 1º que podemos alcançar de Deus a remissão dos nossos pecados;
  • 2º que Jesus cristo deixou à sua Igreja o remédio para perdoar todo tipo de pecado.

Podemos alcançar perdão de todos os pecados, por muito graves que sejam. Deus perdoa os pecados por meio dos ministros da Igreja a quem Jesus Cristo conferiu esse poder. Esses ministros são os bispos e os sacerdotes. Recebemos o perdão dos pecados principalmente pelos sacramentos do Batismo e da Penitência. O pecado original é nos perdoado pelo Batismo e os pecados mortais pelo sacramento da Penitência e também pela contrição perfeita acompanhada do voto de nos confessarmos.

Os pecados veniais podem ser perdoados sem o mistério exterior da Igreja; além dos sacramentos, as orações, as esmolas e outras boas obras podem obter a remissão deles.

Só Deus é que pode perdoar os pecados. Sendo Jesus Cristo Deus, tinha também aquele poder; tinha-o também como homem, porque a natureza humana estava unida n'Ele à divindade, e vemos no Evangelho que usou muitas vezes daquele poder. Como primeiro exemplo está a cura do paralítico. (Marcos 2, 3-13)

Na sua infinita bondade, Nosso Senhor comunicou esse poder a São Pedro, e de seguida, no mesmo dia da sua ressurreição, a todos os Apóstolos e por eles a todos os seus sucessores legítimos. (Mateus 16, 13-19).

CREIO NA RESSURREIÇÃO DA CARNE

Este artigo ensina-nos que, no Fim do Mundo, todos os homens hão de ressuscitar tomando cada um o mesmo corpo que dantes tinha. Isso é possível pela onipotência divina, à qual nada é impossível. Dizemos "Ressurreição da Carne" e não do homem todo, para denotar que a alma não morre, mas só o corpo, e por isso deve ressurgir somente a carne.

Os corpos hão de ressuscitar para terem parte no prêmio ou na pena, já que tiveram parte no bem ou no mal durante a vida. Todos os homens ressuscitarão, tanto os bons como os maus, mas com esta diferença: que os escolhidos terão os dotes dos corpos gloriosos, e não assim os condenados.

Os dotes dos corpos gloriosos são:

  • Impassibilidade, que é a isenção de toda a dor e miséria;
  • A claridade, que é o resplendor da alma redundando no corpo;
  • A agilidade, que é a isenção do peso que hoje subjuga o corpo;
  • A subtileza que designa a perfeita submissão do corpo ao comando da alma.

Os corpos dos condenados não terão esses dotes e serão susceptíveis de toda a espécie de sofrimentos.

A Ressurreição será no Fim do Mundo, antes do Juízo Final. Ouvida a sentença do Juízo Final, os ressuscitados hão de ficar no mesmo lugar onde Deus puser, os bons na bem-aventurança eterna em companhia de Jesus Cristo e dos Anjos; os condenados, no Inferno para sempre em companhia dos Demônios.

CREIO NA VIDA ETERNA

Depois desta vida há de haver outra vida que há de durar para sempre, os bons com a glória eterna no Céu, e os maus com as penas eternas no Inferno. Sabemos isso, porque Deus no-lo revelou, e que outra vida é necessária para o prêmio dos bons e o castigo dos maus.

O Céu ou paraíso é um lugar de delícias, no qual os Anjos e os Santos gozam duma felicidade eterna e perfeita pela vista e posse de Deus. Os que vão para o Céu são aqueles que, tendo morrido em estado de Graça, satisfizeram inteiramente a justiça de Deus.

Nem todos os bem-aventurados gozarão do mesmo prêmio; todos verão a Deus, mas a felicitado será em proporção dos seus merecimentos.

Sabemos que os santos vêem Deus no Céu, pelas palavras de Nosso Senhor dizendo: "Bem-aventurados os de coração puro, porque verão a Deus."

A felicidade dos Céus é tão grande, que não podemos compreendê-la cá na Terra, onde nada pode dar-nos uma idéia do que é o Céu. São Paulo diz: "Os olhos do homem não viram, nem os ouvidos ouviram, nem jamais veio ao coração do homem o que Deus tem preparado para aqueles que O amam."

8. A felicidade eterna consiste, dizem os santos Padres, na ausência de todo o mal e na posse de todo o bem. No que diz respeito ao mal, lemos no Apocalipse (XXI,4) de São João: "Os bem-aventurados não terão fome nem sede jamais, nem cairá sobre eles o sol nem ardor algum. Deus enxugar-lhes-á todas as lágrimas dos seus olhos, e não haverá mais morte, nem mais choro, nem mais gritos, nem mais dor, porque as primeiras coisas são passadas." No que diz respeito aos bens, a glória dos escolhidos será imensa, possuirão ao mesmo tempo todos os gozos, todas as delícias, porque possuirão a Deus, fonte da infinita felicidade.

9. Atualmente, os santos estão no Céu só em alma; os seus corpos não entrarão ali senão depois da ressurreição e do Juízo Final.

10. Os bem-aventurados hão de contemplar Deus eternamente, e esse dom, o mais excelente e admirável de todos, torná-los-á participantes da natureza mesmo de Deus e dar-lhes-á a posse completa e definitiva da verdadeira felicidade.

Nenhum comentário: